
"Estou mais entusiasmado depois que
entrei", disse o prefeito Sandro Mabel ao apresentar o balanço dos 100
primeiros dias de gestão em Goiânia durante coletiva de imprensa na
quarta-feira (9/4): "é pra isso que eu vim, pra resolver problema". A
apresentação ocorreu no Paço Municipal onde o gestor divulgou dados das ações
realizadas nas áreas da educação, da saúde, da infraestrutura, da zeladoria, da
mobilidade urbana e de assistência social no município, além dos planos e metas
para o futuro próximo.
Começando pela educação, o prefeito
destacou que foram criadas 8 mil vagas para a educação infantil e que o
objetivo é chegar a 10 mil, além da distribuição de 100 mil uniformes, 19 mil
pares de tênis e 35 mil kits escolares. Na infraestrutura e zeladoria, foram
removidas 419 mil toneladas de entulho; 33 milhões de metros quadrados foram
roçados; 38 mil árvores foram podadas enquanto 3 mil árvores foram plantadas (o
objetivo é chegar a 5 mil).
Na saúde, o prefeito destacou a instalação
do pronto-socorro pediátrico 24h em todas as unidades de urgência, assim como o
pagamento em dia dos profissionais, além de novas contratações, a abertura de
34 leitos de UTI e o pagamento de R$ 307 milhões da dívida de R$ 1 bilhão do setor.
Até agora, a prefeitura conseguiu economizar R$ 600 milhões em cortes, sendo R$
150 milhões da Comurg e R$ 1 milhão mensais só em aluguéis da antiga gestão.
"Aqui sem trabalhar não fica ninguém.
O único que tá trabalhando sem receber sou eu", brincou o prefeito, que
está doando seu salário para a saúde do município desde a posse. Nos próximos
meses, Mabel relata que a prefeitura deve expandir o Brilha Goiânia, com a
instalação de mil lâmpadas por dia, para toda a capital, além de acabar com os
funcionários fantasmas ou que estão fraudando o ponto na prefeitura:
"vamos fiscalizar 8 mil atestados médicos sem revisão. Tem gente com 4
anos de atestado", criticou, e voltou a afirmar que todas as secretarias
serão reinstaladas no Paço Municipal para economizar e otimizar a gestão.
No trânsito, Mabel destacou os 81 pontos de
direita livre já instalados e prometeu chegar a 300. Ressaltou a retomada da
fiscalização eletrônica e estipulou como prioridade a "metronização"
dos ônibus, para que o transporte público ganhe tempo e faça viagens mais
rápidas. O prefeito também celebrou a instalação da terceira pista e da onda
verde de semáforos sincronizados nas avenidas Castelo Branco e Jamel Cecílio e
prometeu que irá sincronizar mais de 900 semáforos na capital.
A mobilidade também deve ganhar algumas
novidades ainda em abril e no próximo mês: serão instalados 6 mil pontos de
estacionamento rotativo em Campinas, no Centro e em outras regiões
movimentadas, além de terem começado estudos para a implantação da terceira faixa
na Marginal Botafogo. Mabel também afirmou que vai intensificar a fiscalização
das construtoras para que não bloqueiem o trânsito com caminhões e caçambas,
aplicando multas e guinchando quando for necessário.
Outra novidade para o futuro próximo será o
teste de bicicletas elétricas públicas no BRT para que o passageiro possa
pedalar do ponto final até em casa, podendo devolver o veículo em 12 horas sem
cobrança de taxas: "Isso vai estender o BRT até a casa da pessoa e ela
ainda faz algum exercício".
No âmbito social, Mabel pontuou como
prioridade a população de rua e fez uma grande promessa: "Temos a meta
ousada de não ter nenhum morador de rua até dezembro em Goiânia". Para
isso, parte das 4 mil vagas do programa Aluguel Social, do Governo de Goiás,
irá atender essas pessoas, além de assistência para que possam encontrar
emprego ou retornar para suas cidades de origem com o apoio da prefeitura.
"Eu me sinto incomodado de ver pessoas morando na rua. Meu coração não
consegue ver isso e pensar: tô tranquilo de ter 4 mil pessoas morando na rua.
Nós vamos resolver isso", assegurou.
"A cidade estava muito desorganizada,
com muitos problemas em todas as áreas. Nós pegamos a prefeitura com quase R$ 4
bilhões de pagamentos atrasados. Isso tudo faz com que você tenha muitas
dificuldades, mas nós superamos. Nós fomos superando e estamos trabalhando
muito", avaliou o prefeito.
"Se
eu tivesse dinheiro, faria muito mais"
Mabel afirmou que apesar dos avanços, a
realidade financeira da prefeitura ainda é muito grave e compromete seriamente
a capacidade da gestão de responder as demandas crescentes. "Quero dizer
que com esses 100 dias eu estou bem feliz com a quantidade de coisa que está
sendo feita, apesar de todas as dificuldades. Se nós tivéssemos dinheiro, faria
muito mais. Se eu não tivesse 4 bilhões para pagar, eu poderia ser muito mais
ousado, inclusive no plano de investimento que nós temos para fazer",
disse.
Segundo o prefeito, o valor da dívida é
"impagável" e a prefeitura está atuando junto aos fornecedores para renegociar
o que for possível desse valor. "Estamos tentando arrumar dinheiro a longo
prazo. Se eu for pagar os 4 bilhões, eu não tenho o que fazer com a cidade, nem
o próximo prefeito", pontuou.
Para o resto do ano, Mabel colocou a
instalação de mais escolas integrais como prioridade na educação e ampliar o
número de leitos como prioridade na saúde. Outro ponto será a mudança da Guarda
Civil Metropolitana para Polícia de Goiânia, que passará a ter um papel mais
ativo na segurança e prevenção de crimes. "Estamos reforçando a nossa
guarda municipal. Mais do que isso, temos a instalação de muitas câmaras, nós
vamos chegar a ter 20 mil câmaras aqui dentro da cidade inteligente. Isso vai
fazer com que Goiânia consiga rapidamente e com muita inteligência localizar
focos de problemas e localizar criminosos", afirmou.
Aterro
sanitário
Quanto aos problemas enfrentados pelo
aterro sanitário, inclusive na justiça, o prefeito fez duras críticas às
propostas de instalação de aterros privados: "isso aí é uma máfia que se
instalou em Goiânia. Eu vou arrumar o aterro também dentro da tecnologia que eu
estou buscando e eu vou pra Itália pra isso". O prefeito vai viajar às
próprias custas para Milão para conhecer o atual modelo de gestão e manejo de
lixo na cidade com o objetivo de instalar o mesmo na capital, supostamente com
a capacidade para selecionar e processar todos os resíduos produzidos
atualmente. "(Nós vamos resolver isso) com gestão, não com pressão",
arrematou.
Texto - José Abrão
Foto: José Abrão